Começa, na segunda-feira, a restauração do Cemitério Israelita Philippson, em Itaara. O projeto, encabeçado pela Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria (SBISM), com o apoio da Confederação Israelita do Brasil e da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, tem o objetivo de preservar a memória e a história do lugar. A empreitada está sob responsabilidade da BK Engenharia. O investimento será de cerca de R$ 500 mil. A reforma deve ficar pronta em aproximadamente seis meses.
O cemitério, fundado em 1904, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), em 1994. Na fazenda Philippson, estabeleceu-se a primeira imigração judaica organizada do Brasil, o que fez de Santa Maria um dos berços do judaísmo do país. Os imigrantes vieram para o centro do Estado para fugir das perseguições do império russo. Aqui, eles encontraram paz, liberdade religiosa e trabalho que lhes deu dignidade de subsistência e uma nova perspectiva de vida.
O projeto de restauração prevê a consolidação e restauração dos muros do cemitério, além da reforma e adequação do portal de entrada. Também será feita a retirada das pedras do calçamento atual, além da limpeza dos túmulos e da instalação de uma bancada com mapeamento das sepulturas. Há 84 imigrantes enterrados no local.
_ O nosso objetivo é beneficiar a comunidade judaica _ diz a produtora cultural responsável pela restauração, Lúcia Silber.
Segundo ela, uma equipe de Joinville, especializada em restauração, irá treinar os funcionários da BK para a empreitada.
Conforme o presidente da Sociedade Israelita de Santa Maria, Sérgio Klinow Carvalho, os judeus que estão enterrados no cemitério foram os primeiros imigrantes a chegar a Santa Maria (em 1904, Itaara ainda pertencia à cidade).
_ O cemitério carrega a história dos imigrantes. É nossa obrigação manter vivo aquele local _ explica.
Ainda de acordo com o presidente, a intenção, com a reforma, é preservar as características da estrutura do século passado. Entretanto, o trabalho não será fácil. Os túmulos estão envoltos pelo mato, que já toma conta de todo o cemitério. As paredes dos túmulos de pedra estão repletas de colmeias, e os insetos impedem qualquer aproximação das sepulturas. Algumas estão abertas e danificadas _ uma delas virou canteiro para um coqueiro. Além disso, parte do muro que guarda os túmulos caiu, quebrando pelo menos três estruturas.
_ Queremos remontar o início do século passado para que as pessoas que ali possuem descendentes ou ascendentes possam se orgulhar dos precursores e para que aqueles que têm interesse histórico ou cultural possam conhecer um pouco da história dos imigrantes judeus em Santa Maria _ diz Carvalho.
São 111 anos de tradição
- Em 1904, 148 judeus vindos da região da Bessarábia (antiga República Soviética) chegaram à, hoje, fazenda Philippson, em Itaara
- Além de terras para trabalhar, eles encontraram uma escola, uma sinagoga e um lote para o cemitério, que já haviam sido organizados pela Jewish Colonization Association, uma associação internacional que os ajudou a vir para a região
- 84 imigrantes estão enterrados no Cemitério Israelita Philippson, que tem 1,2 mil metros quadrados
- A disposição de túmulos de homens, mulheres e crianças é determinada de acordo com a tradição religiosa: mulheres ficam à direita de quem entra, homens, à esquerda, e crianças, ao fundo
- Em 1979, no 75º aniversário de chegada dos imigrantes, os descendentes e a comunidade israelita restauraram o local
- O cemitério foi tombado em 1994 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae)
- A última reforma no espaço foi feita em 1997
- No dia 1º de abril de 2014, o Iphae autorizou a reforma do Cemitério